sábado, 4 de junho de 2011

Histórias de minha vida

          Meu nome é Jacy Sampaio, nasci na cidade Alto Paraguai, filha de João Sampaio e Eulália. Ele negro, com sua humildade e muito trabalho tornou-se um grande comerciante (atacadista) da região, amado e respeitado por todos por ser um homem bondoso.
        
          Dona Eulália, minha mãe, uma linda  mulher de cor branca como a neve, e de olhos claros. Os dois se apaixonaram e desse amor nasceram onze filhos. Uns ora branquinhos e outros ora escurinhos. E assim foram felizes até que a morte os separou.
      
          Aos quarenta e quatro anos de idade o meu pai foi acometido por uma grave doença (hoje mal do século) a pressão alta e faleceu. Minha mãe então viúva com seus filhos  menores veio para Cuiabá. Ao chegar à cidade, tudo muito difícil, pois o que o meu pai havia deixado já estava se acabando.
       
         A vida cada dia se tornava mais dura para minha mãe, porém ela nunca deixou de assumir a responsabilidade de criar os seus onze filhos. Houve momentos em que pessoas até mesmo da familia pediram alguns dos seus filhos para criar, mas ela recusava.
          
            Por ser ainda muito jovem recusou até pedidos de casamento, pois os pretendentes não assumiriam todos os seus filhos propondo  adotar apenas dois, o que para ela era inaceitável.       Preocupava   sempre  em criar o melhor possível e continuava a luta. 
Com muito trabalho  e exemplo de vencedora, hoje aos setenta e oito anos olha para traz e agradece a Deus por todos os seus filhos que se tornaram homens de bem na sociedade o que a enche de orgulho.

Lembro ainda da minha infância, que  tinha curiosidade em saber como que  as pessoas conseguiam ler. Admirava  ouvir histórias contadas pelas pessoas  mais velhas.
Quando eu era pequena ia sempre ao sitio dos meus avôs materno e lá em noite enluarada reuníamos eu, meus irmãos, tios, primos e avós para contar e ouvir causos. E isso contribuiu para aguçar minha curiosidade à leitura. Era uma diversão quando meus avós começavam a contar seus causos, tudo em volta era silêncio. Muitas crianças em volta atentas ao conto das aventuras vividas por eles mesmos. Aos poucos surgia outro e mais  outros  causos engraçados e com isso nem víamos a hora passar. Era maravilhoso imaginar tudo novamente,  tanta aventura antes de dormir.
 Minha mãe percebeu meu interesse e todos os dias ao sair para o trabalho já deixava tarefinhas que eu sempre pedia, mesmo sem o principal que era o caderno ela pensando que não era tão sério descrevia em papel de pão, mas eu cumpria e ao final da tarde lhe entregava e pedia tudo de novo... E então comecei juntar as letrinhas.
Com seis anos tive contato com meu  primeiro livro,  era um gibi que meu irmão Moisés que após ter lido deixava para as crianças brincarem. Sem saber ele que isso foi como pedra fundamental em minha vida rumo à leitura. Para mim era o melhor brinquedo, eu viajava nas imagens, adorava ver as letrinhas. Partilhava com meus irmãos sendo professora de brincadeirinha e assim eu aprendia mais. Sem perceber já estava lendo, o que quando minha familia descobriu foi só alegria.
A partir daí eu comecei ler e contar as histórias de livrinhos. Apaixonei pela leitura lia os romances como Sabrina, Júlia e revistas de foto novela. Viajava nas emoções dos personagens sentindo que fazia parte da história.
Estudei até o ensino fundamental e parei para trabalhar. Casei com Cladson, uma pessoa incentivadora o  qual me motivou a retornar aos estudos. Em 1996 terminei o Magisterio com muita dificuldade, pois já tinha três filhos que precisavam de minha dedicação de mãe.
 Na verdade eu nunca parei, participava de cursos, lia para estar sempre bem informada e na certeza de que um dia  voltaria a fazer aquilo que eu gosto.
Hoje meus filhos cresceram, Cydson é o mais velho tem 21, já terminou a faculdade de Ciências da computação, o Jadson com 19 está cursando Ciências contábeis e o Cleyson o meu caçula está com 14 anos cursando o último ano do ensino fundamental. . Surpreendem-me cada dia, talvez isso explique a mãe orgulhosa que sou. Um deles me inscreveu no concurso de 2009 o qual tive a felicidade de ser aprovada para a alegria de todos os meus familiares e amigos.
Dedico meio dia da minha vida para fazer algo que gosto muito, cuidar de crianças que precisam de carinho, atenção e amor. E isso contribui para minha formação profissional que é transmitir educação me fazendo um ser humano muito melhor.
Atribuo toda minha trajetória de leitura aos meus avós, tios e especialmente ao meu irmão Moisés, que  sem ter dado conta do bem que estavam praticando, deram exemplo de que a criança pode possuir a maior riqueza da vida sem esforço,  apenas contando causos ou presenteado com um simples gibi.


Obrigado Jacy Sampaio

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